Lula não deve financiar privatizações com o dinheiro do BNDES!
- Comunicação RS
- 29 de set.
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A discussão sobre a reformulação do programa do PSOL, na Conferência "Um Programa Socialista para o Século 21", ocorrida no último sábado, 27 de setembro, ganhou um tom acalorado com a crítica de Alex Fernandes, metroviário e fundador do partido, que questionou o setor majoritário do PSOL em relação à conclusão sobre o avanço das privatizações.
Questionando a incoerência da conclusão, ironicamente apontou que então, o presidente Lula deveria também ser categorizado como "fascista" devido à sua política de privatizações. Fernandes destacou que o governo Lula tem financiado, com dinheiro público do BNDES, a privatização de ativos em todo o país, citando especificamente os metrôs de Recife e Porto Alegre, além de potencializações em São Paulo, como a SABESP e a CPTM. Para o militante da ala mais à esquerda do PSOL, o apoio a essas ações nega o histórico da classe trabalhadora e representa uma contradição insuperável para um partido que se propõe a avançar na luta socialista.
Derrotas da esquerda da ordem
A esquerda da ordem, representada principalmente pelo PT e pelo PSOL, saiu derrotada das eleições de 2024. O PT, apesar de uma leve recuperação em comparação a 2020, não conseguiu capitalizar uma vitória eleitoral mesmo estando no comando do país, por ser o partido que aplica o ajuste fiscal. O PSOL também enfrentou reveses, não reelegeu Edmilson Rodrigues em Belém, capital que comandava, e viu sua expectativa na eleição de Boulos em São Paulo ser derrotada, mesmo com todos os acordos políticos que realizaram para que isso se concretizasse. A estratégia do PT de buscar alianças amplas com partidos do Centrão e até mesmo com o PL, visando fortalecer sua base para 2026, demonstrou-se ineficaz. A incorporação de figuras da direita tradicional e do Centrão no governo Lula, incluindo bolsonaristas declarados, não se traduziu em apoio eleitoral significativo. O mesmo ocorreu com o PSOL - refundado em relação ao PT.

O caminho da vitória está nas ruas
Quando o povo se organiza e se mobiliza, a extrema direita recua e o poder econômico treme. A unidade que precisamos não é a da Frente Ampla do governo Lula/Alckmin, com os inimigos de classe, e sim a unidade com da classe trabalhadora, dos sindicatos, da juventude, das mulheres, da população negra, população LGBTQIA+, as populações tradicionais e povos originários, que estão travando uma luta no meio da floresta contra as mineradoras, garimpo ilegal, e agronegócio que destroem o meio ambiente e de todos os setores oprimidos que tem sido protagonistas nas manifestações. Essa força social mostrou-se muito mais eficaz do que qualquer articulação parlamentar.
Por isso, o desafio agora é dar continuidade nessa disposição popular. Não basta um grande dia de luta: é preciso manter assembleias, comitês e espaços de organização que garantam que a mobilização siga viva até derrotar de vez a PEC da Blindagem e a Anistia, no caminho de uma Greve Geral Nacional. As Centrais Sindicais devem romper a aliança governista que as mantém reféns da política oficialista e se colocar a disposição da mobilização, respeitando a evidente vontade das bases. Só assim poderemos avançar na defesa das liberdades democráticas e abrir caminho para conquistar direitos para o povo trabalhador.
É necessário pôr fim à escala 6x1, ao Arcabouço Fiscal e ao pagamento da dívida pública. Ser contra a reforma administrativa que ataca os serviços e servidores públicos, exigir a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, revogação do Novo Ensino Médio (NEM) e barrar as privatizações. Impulsionar um chamado global contra os negócios da Cop 30 e contra a devastação climática do capitalismo. É urgente que o governo Lula rompa as relações com Estado sionista de Israel, genocida do povo palestino.
O dia 21 de setembro ficou marcado como a prova de que a força das ruas pode impor derrotas à extrema direita e mostrar que outro futuro é possível. Cabe a esquerda socialista fortalecer esse caminho, sem conciliações, confiando na potência da mobilização popular.
A única alternativa diante ao Lulismo e Bolsonarismo será a unidade da esquerda!
Mas para que essa energia não se perca, é necessário dar um passo a mais: construir uma alternativa política capaz de expressar o sentimento popular que transbordou nas ruas.
A esquerda socialista é a única que tem um programa real e concreto para isso, mas infelizmente ainda se encontra dispersa. Precisamos caminhar para um objetivo comum e trabalhar pela unidade dessa esquerda, pelo reagrupamento de revolucionárias e revolucionários, para enfim despontar enquanto uma alternativa política independente, de esquerda e socialista, pavimentando o caminho para disputar um governo com democracia operária, dos trabalhadores e do povo empobrecido.
Veja o vídeo da intervenção:
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