Glauber ficou – e foi a mobilização que venceu
- Comunicação RS
- há 3 dias
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Por Verónica O’Kelly, da Direção Nacional de Revolução Socialista – PSOL e da direção da Liga Internacional Socialista
A derrota da tentativa de cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) é um fato político de peso. Não apenas porque preserva um dos mandatos mais combativos do Congresso Nacional, mas porque expressa que quando há mobilização real, a extrema direita perde terreno. O que estava em jogo não era apenas o futuro de um deputado, mas a possibilidade de a direita e a extrema direita impor um recado de força, disciplinar a esquerda e criar precedente para novos ataques. A mensagem que saiu do Congresso, porém, foi outra: quando o povo se organiza, os reacionários recuam.

Um ataque que ultrapassava o caso individual
A ofensiva contra Glauber fazia parte de uma estratégia mais ampla. Nos últimos meses, os setores reacionários têm buscado reordenar suas forças e testar até onde conseguem avançar para proteger seus próprios quadros golpistas. A tramitação da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023 sintetiza esse movimento. O objetivo da extrema direita era firme: impor impunidade.
A tentativa de cassar Glauber se insere nesse mesmo cálculo político. Se conseguissem retirar do Parlamento uma voz abertamente crítica à extrema direita — e, o que também incomoda muito esses setores, crítica ao governo Lula quando este cede aos interesses do capital — pavimentariam o caminho para novas investidas. Era uma medida exemplar, no sentido autoritário do termo.
Mas essa estratégia não se sustentou. A direita não conseguiu construir apoio social real nem para sua anistia nem para o ataque ao mandato de Glauber. Ambos movimentos expressam que, apesar da presença organizada da extrema direita, seu projeto não tem força social suficiente para aplicar uma agenda abertamente golpista. Algo que já foi demonstrado na tentativa de golpe de estado do 8 de janeiro.
Por que a vitória importa tanto?
Glauber continuará exercendo seu mandato. Isso, por si só, já é significativo. Seu gabinete e sua atuação são parte da ala da esquerda que não se curva às lógicas de conciliação. É uma tribuna que defende a classe trabalhadora, que denuncia privilégios do sistema político e que não hesita em enfrentar tanto a extrema direita quanto o governo Lula quando este atinge direitos e desmonta conquistas históricas. Manter essa voz ativa no parlamento é preservar um ponto de apoio para a resistência social e para uma política de independência de classe.
Entretanto, a importância dessa vitória não se esgota no mandato. Ela recoloca no centro do debate algo fundamental: mesmo limitada e plenamente funcional à ordem capitalista, a democracia existente significa conquistas democráticas que foram arrancadas pela luta social.
Absolutamente nada veio de presente. O direito de organização, a existência de partidos de esquerda, o próprio voto universal — tudo isso é resultado de décadas de enfrentamentos e mobilização popular. Defender essas conquistas democráticas, portanto, não é defender o regime democrático burguês em abstrato; é defender os instrumentos mínimos que a classe trabalhadora conquistou para seguir lutando.
Por isso, quando derrotamos uma tentativa de ataque reacionário, celebramos. Não por fetiche institucional, mas porque sabemos que cada retrocesso democrático facilita a vida de quem quer esmagar as nossas lutas.
Mobilização: o fator determinante
Não houve recuo espontâneo da direita. Houve pressão. Houve militância política, sindical e social em todo o país denunciando o ataque, escrevendo, falando, organizando atividades, produzindo solidariedade ativa. Foi essa movimentação que impôs a derrota.
Essa combinação mostra algo crucial para a conjuntura: existe disposição social para resistir, e existe margem para derrotar a extrema direita — desde que não apostemos nas ilusões institucionais nem nas alianças de conciliação que desarmam a classe trabalhadora em nome da “governabilidade”. As vitórias reais vêm da mobilização, não de acordos por cima.
A tarefa que está colocada
Desde Revolução Socialista e a Liga Internacional Socialista, defendemos que a luta pela democracia não pode ser separada da luta por um projeto político da própria classe trabalhadora — socialista, internacionalista e revolucionário. Defender as liberdades democráticas já conquistadas e barrar retrocessos é parte inseparável de construir a força social que pode ir além dos limites desse regime e disputar um novo futuro.
A vitória sobre a tentativa de cassação do Glauber mostra que, quando há mobilização consequente, a extrema direita é derrotável. Mas também mostra que não basta barrar ataques: precisamos transformar essa energia social em organização política permanente.
É esse o convite que fazemos: unir-se à construção de uma alternativa classista, combativa e radical, capaz de defender cada conquista e lutar por todos os direitos que ainda nos faltam. Porque, como ficou evidente nesta batalha, quando o povo se move, os burgueses recuam. E é essa força que precisamos multiplicar.









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Defender o Mandato do Glauber é estar contra o autoritarismo e impunidade da extrema direita, é estar contra os desmandos de um congresso de corruptos, salafrários e usurpadores, é apoiar as denúncias de Glauber a respeito do vergonho "orçamento secreto" onde desviam dinheiro público sem que possamos rastrear para onde vai todo esse dinheiro, é não permitir calar uma voz dissonante desse congresso que já é considerado pela população o pior da história, que para além destes desvios também atacam os direitos dos trabalhadores como foi as reformas trabalhista e previdenciária, Arcabouço Fiscal que retira dinheiro da saúde, educação e demais serviços públicos, e reforma administrativa que segue na mesma linha. Contra tudo isso o povo precisa continuar a mobilização,…