Boulos no governo Lula: o PSOL integra-se à política de conciliação de classes
- Revolução Socialista
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Por Revolução Socialista
A entrada de Guilherme Boulos no governo Lula representa um salto no processo de adaptação do PSOL à política de conciliação de classes, de governar junto com os capitalistas. Essa decisão, mesmo passando por interesses pessoais de Boulos, é uma decisão pensada pela direção majoritária do PSOL há um bom tempo. Essa decisão contradiz o princípio da independência de classe, abandonado pelo PT no seu projeto falacioso de governar para todos. O PSOL foi fundado sob as bandeiras históricas da classe trabalhadora como tentativa de superação da degeneração petista.

Diante disso, a Revolução Socialista, tendência interna do PSOL, declara-se contrária à incorporação de Boulos ao governo, por entender que aprofunda o distanciamento entre o partido e o que deve ser sua tarefa, isto é, de ser uma alternativa anticapitalista, não apenas uma engrenagem da Frente Ampla de Lula/Alckmin. Consideramos que a entrada de um dirigente e figura pública do partido terá consequências políticas sérias, pois significa sustentar um governo integrado pelos setores mais expressivos da burguesia, até com figuras da ultradireita, um governo que ataca direitos trabalhistas como é o caso da Reforma Administrativa e do Arcabouço Fiscal, assim como não faz nenhum embate contra as emendas secretas de Deputados e Senadores com o nosso dinheiro.
Aonde vai o PSOL?
A recente trajetória do PSOL revela um deslocamento à política de acordos com a classe dominante e com o governo, perdendo cada vez mais a sua independência política e social. O que começou como um apoio eleitoral à candidatura Lula-Alckmin transformou-se em participação orgânica no governo, enfraquecendo o papel do PSOL como ferramenta de esquerda e de oposição independente. Esse processo está dando um passo sem retorno para acabar com um dos pilares da fundação do partido há mais de vinte anos: a independência política e de classe diante dos governos capitalistas e dos patrões.
O desafio da esquerda do PSOL
É uma infelicidade que o Encontro Nacional do PSOL, realizado em setembro, tenha avançado no rebaixamento do programa, das propostas políticas do partido e que tenha escondido as críticas à conciliação de classes. A votação nesse encontro foi quase unânime, mas nós, estivemos presentes, denunciamos e votamos pela não aprovação. Esse evento nem debateu a entrada de Boulos ao governo, porque isso já tinha sido pactuado na cúpula do partido.
As correntes que hoje são oposição ao campo majoritário, organizando-se na heterogênea oposição de esquerda, precisam estar à altura dos desafios, denunciando a entrada no governo e sendo consequente na defesa da independência de classe. O debate sobre o “mérito” de Boulos na secretaria-geral da presidência é infeliz. Estamos tratando de luta de classes e a principal figura do PSOL se coloca dentro de um governo de Frente Ampla.
O embate, por exemplo, contra a extrema direita não acontecerá pela via governamental. O último grande ato, contra a PEC da Bandidagem, mostrou que a mobilização da classe trabalhadora nas ruas continua sendo o caminho efetivo para derrotar os ataques e enterrar os setores ultrarreacionários. É também o caminho para o enraizamento e fortalecimento da esquerda socialista.
Infelizmente, a dinâmica atual mostra que o PSOL se integra ao regime capitalista como parte da governabilidade. Diante disso, é hora de construir, em conjunto com toda a militância que resiste a essa adaptação, uma alternativa de classe consequente, com organizações dentro e fora do PSOL para abrir o caminho do reagrupamentos das e dos revolucionários. A Revolução Socialista defende uma organização enraizada nas lutas das trabalhadoras e trabalhadores, das mulheres, da juventude, do povo negro e dos setores oprimidos. Esse é o nosso horizonte. Com independência de classes e luta consequente. Venha conosco!
Outubro de 2025
Revolução Socialista – tendência interna do PSOL









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