Por Eduardo Rodrigues, estudante de Licenciatura em Geografia e conselheiro discente do Conselho Superior do IFPA. Militante da Revolução Socialista.
Em 26 de maio um ônibus do IFPA saiu da pista e colidiu com a eclusas da Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. 3 servidores e 1 estudante faleceram, dezenas ficaram feridos. A delegação de Vigia e Castanhal ia à etapa estadual dos JIFs - Jogos dos Institutos Federais - que, em meio à greve de servidores, bancada politicamente pela Reitoria como forma de afrontar a vigência da greve. A notícia chocou ainda mais quando vítimas do acidente denunciaram que o ônibus tinha problemas nos freios durante a viagem.
O Relatório n°11/2023/AUDIN sobre manutenção e conservação da frota do Campus Castanhal já apontava “série de achados e desconformidades”, “ausência de rotina para manutenção preventiva”, “presença de veículos danificados e desprovidos de itens de segurança”, “supervisão inadequada”. Afirmou-se pelo controle interno: “Não temos recursos financeiros para fazer estoques de peças para reposição, o planejamento de manutenção é feito (...) quando há recurso financeiro disponível” e “devido os cortes frequentes no Orçamento do Campus, os recursos destinados para despesas dos veículos não são suficientes”, além do “tempo médio de uso superior a 15 anos” e “com isso necessitando de manutenções frequentes”. A discrepância entre relatos positivos da gestão e a realidade encontrada na auditoria salta aos olhos. Em 27 de abril de 2024 é arquivado o processo gerador do relatório, sem respostas no SIPAC.
A tragédia que vitimou Amanda, Suany, Meireles e Paulo Vinícius trouxe à tona uma avalanche de denúncias nos campi sobre problemas dos veículos - que perdem pneu, quebram nos trajetos, ficam até sem limpador de parabrisa em meio a intensas chuvas, etc. Impossível não ver relação entre o estado de sucateamento e a justa luta de docentes e técnicos que exige do governo Lula-Alckmin recomposição orçamentária às instituições de ensino diante da profunda crise de manutenção de atividades cotidianas por culpa do duríssimo ajuste fiscal dos governos. Uma investigação sobre o acidente está em curso contando com ostensivo interesse do governo Helder Barbalho e o aliado governo Lula-Alckmin. Não surpreende em nada qualquer operação para desmerecer, invisibilizar e/ou esquecer tantos indícios e os testemunhos do acidente com o ônibus do IFPA.
Nosso luto também nutre a necessária luta para que nada disso se repita. O sucateamento dos serviços públicos é, além da perda da qualidade destes serviços, um risco concreto à vida da classe trabalhadora e sua juventude.
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