Raoni alerta sobre a privatização dos rios amazônicos e exige que Lula não repita o “erro de Belo Monte”
- Comunicação RS
- há 2 horas
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Entrevista exclusiva com o líder indígena histórico por Info.Revolução
Em entrevista exclusiva à Info.Revolução, o Cacique Raoni — um dos líderes indígenas mais renomados do mundo — conversou com o jornalista Douglas Diniz, dirigente da Revolução Socialista, da Liga Internacional Socialista (LIS) e coordenador do portal Info.Revolução, falando sobre a COP30, a ofensiva extrativista do governo brasileiro e as ameaças que pairam sobre os povos indígenas e a Amazônia.
“Não podemos fazer perfuração na foz do Amazonas”
Quando questionado sobre a intenção do governo, de prosseguir com a exploração de petróleo na Margem Equatorial, Raoni foi categórico:
“Quando ouvi falar do petróleo, não gostei do plano. Já conversei com o presidente Lula e também com o presidente Macron. Disse a eles que não podemos perfurar, que poderíamos ter problemas depois e que as comunidades vizinhas seriam afetadas.”
Para o líder Kayapó, a exploração de petróleo na foz do Amazonas representa um risco imediato e um grave retrocesso ambiental.

COP30 em Belém: Os líderes mundiais estão ouvindo os povos indígenas?
Raoni participou ativamente de reuniões com autoridades e representantes internacionais durante a COP30.
“Conversei com muitas pessoas. Sinto que me ouviram. Precisamos preservar as florestas para evitar temperaturas excessivamente altas. Caso contrário, teremos sérios problemas, não só para nós, mas para as futuras gerações.”
Privatização dos rios amazônicos: Surpresa e indignação
O governo Lula vetou parcialmente o chamado Projeto de Lei da Devastação, mas, simultaneamente, promulgou o Decreto 12.600, que abre o caminho para a privatização dos rios Tapajós, Tocantins e Madeira, transformando-os em vias navegáveis comerciais para soja, minerais e gado.
Ao ser questionado sobre isso, Raoni expressou surpresa:
“Eu não tinha conhecimento disso, por isso não falei com o presidente. Mas eu disse a ele que não pode repetir o que fez no passado com Belo Monte, quando contrariou os desejos dos líderes indígenas e autorizou a construção da barragem.”
Ele enfatizou:
“Nós o colocamos lá; subi a rampa com ele no dia da posse. Eu disse a ele para não cometer o mesmo erro. Vou exigir respostas; vou lembrá-lo disso.”
“Se eles não nos ouvirem, esta COP não trará resultados.”
Raoni foi muito crítico a respeito das negociações oficiais da cúpula do clima:
“Se os povos indígenas não forem ouvidos nesta reunião, será uma reunião sem resultados. Perto de nós, há madeireiros trabalhando, estão cortando árvores, desmatando novas áreas. Se as autoridades não tomarem medidas concretas para impedir o desmatamento, todos nós teremos sérios problemas.”
O apelo pela primeira professora indígena na UFPA
Durante a entrevista, o jornalista Douglas Diniz relatou a situação de Mariana, uma professora indígena que foi aprovada em concurso público, mas ainda não foi convocada pela Universidade Federal do Pará, apesar de ter direito à vaga.
Raoni ofereceu seu apoio incondicional:
“Se ela conseguiu, ela tem que seguir em frente. Ela tem que ser professora da universidade. Não concordo com o fato de não a terem chamado.”
Um apelo urgente à ação
As palavras do cacique Raoni ressoam como um alerta e uma ordem:
Não haverá futuro se o desmatamento continuar, se os rios forem privatizados e se a lógica extrativista que destrói territórios e comunidades for intensificada.
No coração da Amazônia, a voz de um dos mais importantes líderes indígenas do mundo, exige que Lula e os governos presentes na COP30 mudem de rumo e ouçam aqueles que defendem a floresta tropical há séculos.









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