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A Grande farsa da COP 30: como Lula e Helder tentaram negociar nossos corpos e territórios




Hoje, 21 de novembro de 2025, encerra-se a COP 30. E o balanço que faço, com o peso da vivência indígena e a responsabilidade de falar pelo meu povo, é simples, indignado e dolorosamente evidente: mais uma vez, a COP se mostrou um grande mercado onde países negociam seus povos, vendem corpos, espíritos e territórios, sem sequer consultá-los.


Foram 12 dias de evento, sustentados por um gasto bilionário, para produzir o mesmo resultado de sempre: um legado de exclusão, maquiagem política e manipulação narrativa.


Belém virou vitrine para o mundo, mas atrás da maquiagem aplicada pelo governo Lula e pelo governador Helder Barbalho, o que se revelou foi o velho mecanismo colonial em operação: um governo que se elegeu prometendo demarcação e respeito aos povos originários tentando, diante das câmeras internacionais, negociar nossos territórios, nossas vidas e nossa dignidade.


A Cúpula dos Povos: onde a verdade se levantou


Diante da exclusão sistemática dentro da COP oficial, organizamos a Cúpula dos Povos, espaço legítimo construído por lideranças reais, não por lideranças selecionadas pelo Estado para compor fotografias.


Aqui houve voz, coragem e denúncia.


No dia 14 de novembro, Alessandra Munduruku ergueu sua voz exigindo saúde, educação e o fim da contaminação dos rios por mercúrio. O cacique Gilson, do Conselho Indigenista Tupinambá do Baixo Amazonas, denunciou a privatização do Tapajós, a imposição da Ferrogrão e o desrespeito à Convenção 169 da OIT.


E aqui também houve vitória. Porque quem deu a cara a tapa, os Munduruku, conseguiu impor derrotas ao governo, fazendo com que, após forte pressão e enfrentamento, o Estado fosse obrigado a anunciar oficialmente o território Munduruku. Isso não veio por boa vontade governamental, mas pela força da resistência indígena.


Agora, a luta segue ainda mais urgente: contra a privatização dos rios, sobretudo no Pará, onde governo e empresas tentam transformar em mercadoria aquilo que para nós é fonte de vida.


Aldeia COP 30: símbolo da negligência estatal


Os indígenas credenciados foram “alojados” na Escola de Aplicação da UFPA em condições precárias. Após fortes chuvas, houve alagamento, desabamento parcial, falta de água, alimentação inadequada e acolhimento hostil.


Quando as lideranças começaram a denunciar, gravando vídeos que viralizaram, a resposta do Estado foi imediata e brutal: impedir a entrada da mídia independente, monitorar indígenas, espalhar medo e pressionar lideranças.


Alguns grupos reforçaram segurança. Outros, temendo retaliações, retornaram às aldeias.


A mensagem era clara: a COP era para o mundo ver, não para os povos indígenas participarem.


A festa que fizeram em nossa casa, sem nos deixar entrar


O sentimento entre nós é devastador: fizeram uma festa bilionária em nossa própria casa, mas não nos deixaram atravessar a porta. E ainda tentaram usar essa festa para vender o que nos resta.


Lula não cumpriu suas promessas de demarcação.Helder Barbalho, que há anos negocia, desrespeita e tenta privatizar nossos territórios e rios, saiu da COP envolto no próprio veneno.


Porque nesta COP 30, diante de lideranças e organizações internacionais, Helder Barbalho foi denunciado ao mundo como uma FARSA. E a denúncia ecoou. Não havia mais como esconder.


O incêndio na Green Zone: metáfora e desgoverno


No dia 20 de novembro, parte da Green Zone pegou fogo. Pessoas correram para salvar suas vidas. Não havia brigadistas preparados, nem estrutura mínima de emergência.


A COP 30, vendida como símbolo da “defesa do planeta”, terminou literalmente em chamas, uma metáfora perfeita de um governo que opera com improviso, irresponsabilidade e propaganda vazia.


O que fica deste encerramento?


Fica a certeza de que nós, povos indígenas, seguimos firmes, mesmo quando tentam nos silenciar. Fica a vergonha de um Estado que prefere negociar vidas humanas do que enfrentar a realidade. Fica o alerta ao mundo: não existe transição climática válida quando ela é construída sobre o apagamento dos povos que sempre protegeram a terra.

E fica também a minha denúncia:


Lula e Helder Barbalho não representam nossos interesses. Representam a continuidade do projeto colonial travestido de política ambiental.


E enquanto tentarem negociar nossos corpos, nossos espíritos, nossos direitos e nossos rios, seguiremos denunciando, resistindo e existindo.


A COP 30 termina. Mas nossa luta não.

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