COP 30: a farsa verde do capital e a militarização de Belém
- Comunicação RS
- 12 de ago.
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Por Douglas Diniz – Jornalista, membro da Direção da Revolução Socialista (RS) e da Liga Internacional Socialista (LIS)
BELÉM, PA – A COP 30, que será sediada em Belém em novembro de 2025, está sendo criticada por ativistas ambientais e movimentos sociais. Longe de ser uma solução para a crise climática, a conferência é denunciada como uma nova oportunidade de negócios para o grande capital e um terreno fértil para a corrupção.
Em meio à euforia do presidente Lula (PT), do governador Helder Barbalho (MDB), do ex-prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) e do atual prefeito de Belém Igor Normando (MDB) por sediar a COP 30, a organização Revolução Socialista, seção no Brasil da Liga Internacional Socialista (LIS), denuncia que o evento ignora totalmente as pautas dos povos originários, das populações tradicionais, do povo pobre e da classe trabalhadora para privilegiar uma agenda em favor dos capitalistas
Enquanto a burguesia, especialmente o setor da construção civil e do setor hoteleiro, comemora a oportunidade de lucros exorbitantes, uma pequeníssima parte da infraestrutura da cidade é adaptada para um evento de dez dias, com gastos de mais de R$ 5 bilhões.
A quantidade de dinheiro investido na realização da COP 30 fez explodir denúncias de superfaturamento de obras e desvio de dinheiro público.
Se criou uma bolha para se ganhar dinheiro no ramo imobiliário, que tem provocado o desalojamento de famílias que vivem de alugueis. Essa bolha se estende ao setor de hotelaria que está cobrando valores exorbitantes para alojar os participantes da COP 30. Tudo isso ocorre em detrimento da população pobre de Belém que em sua maioria sobrevive com a metade de um salário mínimo nacional, sofre com a falta de saneamento básico, coleta de resíduos sólidos, transporte coletivo precário, sucateamento de serviços públicos e enormes desigualdades sociais.
A militarização como mecanismo de controlar manifestações
O discurso de que a COP 30 promoveria um debate profundo e democrático sobre a Amazônia, com a participação das comunidades locais, propagandeado pelas direções tradicionais do movimento de massas no Brasil, sobretudo o PT/CUT, sindicatos, movimentos sociais ligados ao governo e pela maioria da direção nacional do PSOL, começou a desmoronar.
A COP 30 será um ambiente "ultra restrito e totalmente militarizado", onde uma minoria conspirará para fazer negócios, sem compromisso com o meio ambiente ou em deter a catástrofe climática.
A expectativa de que mobilizações possam “emparedar” os principais chefes de estado do planeta está sendo tratada como caso de segurança nacional pelo governo brasileiro.
Por isso, o presidente Lula editará uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), passando para as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança a responsabilidade da segurança pública durante o evento e a construção de um “cordão militar” que impeça ativistas ambientais, sindicatos e movimentos sociais independentes de chegarem próximo à “roda do cassino” que se transformará o Parque da Cidade de Belém, palco dos grandes negócios.
Diferentemente do Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre e posteriormente em Belém, que foi um espaço, ainda que limitado, de participação popular, a COP30 e sua agenda de capitalismo verde, ocorrerá sem sequer escutar as reivindicações das populações do campo, dos rios e da floresta cujos territórios são invadidos para a construção de projetos que saqueiam as riquezas naturais, passando por cima de tradições seculares, deixando um rastro de morte e destruição.
A importância da Cúpula dos Povos e suas limitações
Para neutralizar a insatisfação social com os governos de todo o mundo, o governo federal, em aliança com a burocracia que dirige boa parte dos movimentos sociais, sequestrou a organização política tentando impor limites a rebeldia que fez surgir a Cúpula dos Povos.
O evento que sempre ocorreu quase de forma paralela, dessa vez ocorrerá uma semana antes da COP 30, justamente para evitar que durante a Conferência ocorram manifestações que questionem também o governo do Presidente Lula e sua política ambiental de autorizar a exploração de petróleo na margem equatorial, a lentidão em demarcar os territórios indígenas que fez aumentar a violência praticada por grileiros, garimpeiros, sojeiros, multinacionais tudo para privilegiar o agro negócio.
Mesmo com essa limitação, setores da esquerda independente pretendem utilizar a Cúpula dos Povos como um mecanismo para unir forças, protestar contra o capitalismo global e construir uma plataforma que denuncie a farsa da COP 30. O objetivo é promover debates que possam engajar a maioria da população que sofre racismo ambiental, na perspectiva de elaborar um conjunto de propostas e iniciativas políticas que tenham como saída um programa ecossocialista e a mobilização necessária que possa superar a crise sistêmica do capitalismo. Essa será a tarefa da Revolução Socialista/LIS.
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