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Neste dia da Psicologia, lutemos por uma prática popular e construída por seus povos!



Por Célula de Saúde, regional Curitiba-PR - Mariane Panek, Psicóloga Comunitária (CRP 08/32713) em colaboração com: Ana Camila Possalmai, Henrique Vince Rodrigues, Gregory da Silva, Heloisa Perotoni e Lorena C., estudantes de Psicologia.

Vivemos em um sistema que fabrica desigualdades e violências. O capitalismo não apenas explora a força de trabalho, mas também produz e lucra com um sofrimento que adoece as mentes e os corpos daqueles que estão na base da pirâmide social. Em um contexto em que a psicologia, muitas vezes, serve para ajustar indivíduos a uma realidade opressora, precisamos questionar: para quem e para que serve nossa prática?

Sob um viés crítico e socialista, a psicologia deve romper com a lógica de mercado que transforma o sofrimento em mercadoria e oferece soluções paliativas e individualizadas. Em vez disso, deve se voltar para a construção coletiva de alternativas que desafiem as estruturas de poder e proponham novos modos de ser e viver. No dia da Psicologia, celebramos não apenas uma profissão, mas uma ferramenta que pode ser revolucionária. Quando verdadeiramente comprometida com as raízes populares e originárias da nossa realidade de periferia do capitalismo, a psicologia pode ser um poderoso agente de emancipação. No entanto, para que cumpra seu papel transformador, precisa ser construída a partir dos povos e para os povos, enraizada nas lutas e nas realidades das massas oprimidas.

Uma psicologia popular deve ser vista como uma ferramenta de luta contra as múltiplas formas de opressão: a exploração capitalista, o racismo, o patriarcado, e todas as formas de violência institucionalizadas. Também comprometida com o desenvolvimento integral e saudável das nossas crianças, vistas como sujeitos sociais e políticos. Para isso, é necessário que nossa categoria se posicione politicamente ao lado dos oprimidos, entendendo que nossa prática só faz sentido se estiver alinhada com a construção de uma nova sociedade, que rompa com as ideias hegemônicas de meritocracia, sofrimento individual e descontextualizado, patologização das subjetividades e essa ciência ainda colonialista e europeia, à qual conseguimos agregar uma bagagem crítica de construção através da Psicologia Comunitária.

No dia em que a Psicologia completa 62 anos de sua regulamentação, reafirmamos nosso compromisso com uma prática que não seja neutra, mas que se coloque a serviço dos povos e de suas lutas. Respeitando quem construiu antes de nós, e retomando a Luta Antimanicomial ainda mais forte, estando lado a lado na defesa de uma saúde, educação, mobilidade e outras pautas que não sejam tratadas como mercadorias. Construindo uma psicologia que funcione como instrumento de resistência e construção coletiva, ajudando a erguer as bases de uma nova sociedade, onde o cuidado e a saúde mental sejam direitos de todos, e não privilégios de poucos. Assim, a psicologia deixa de ser uma profissão a serviço da manutenção do status quo e se transforma em uma ferramenta revolucionária poderosa, que age na construção de uma consciência crítica e prática, saindo das paredes em tons pastéis dos consultórios clínicos e entrando nos territórios, nas escolas, comunidades e nos espaços onde possamos exercer uma prática que medie e promova uma atuação ética e contextualizada às necessidades do nosso povo. Respeitando a história brasileira, articulada com uma prática internacional que, ao se comunicar, nos mostra o que temos de potencial como classe trabalhadora em todo o mundo.

1 comentário

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Guest
Aug 30
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Ótimo texto! Viva a psicologia como ferramenta revolucionária e viva os psicologues que a fazem assim!

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