Nas ruas é que se faz!
- Comunicação RS
- 23 de set.
- 3 min de leitura
Por Verónica O’Kelly e Alex Fernandes
Nas ruas que derrota-se golpistas e políticos corruptos! Sem anistia!
Os debates e as formulações políticas “desmancham no ar”[1] quando um povo decide ir para as ruas e chutar o tabuleiro da ordem estabelecida. Por um lado, a extrema direita e o centrão, em menos de 24 horas, votaram no parlamento um verdadeiro pacote de impunidade (PEC da Blindagem e a urgência para votar o PL da Anistia). Por outro, o governo Lula e seus aliados responderam iniciando negociações, como sempre apelando à institucionalidade que vira as costas para as massas, ao ponto de 12 deputados votarem a favor da PEC da “Bandidagem”, enquanto o povo, com um alto grau de espontaneidade, decidiu resolver essa questão ocupando as ruas pelo país.
O povo na rua!
No domingo, 21 de setembro, até cidades distantes das capitais tiveram atos ou caminhadas. Nas principais cidades do país, a massividade foi contundente e representou um golpe mortal contra os planos de impunidade. Embora tenha havido chamados de organizações sociais e políticas — inclusive do PT e de aliados, que começaram a convocar na quarta-feira após a votação na Câmara —, os atos tiveram uma dimensão muito além das expectativas. Parecia que o povo estava esperando o chamado para sair logo e dizer: chega! Foi uma mobilização popular espontânea em resposta aos políticos que tentam oficializar a bandidagem no Congresso Nacional e anistiar Bolsonaro e sua gangue pela tentativa de golpe à democracia.
Essa demonstração da força popular tem lições fundamentais. Primeiro, que não existe derrota inevitável: mesmo depois da aprovação-relâmpago do pacote de impunidade no Congresso, a mobilização mostrou que a extrema direita pode ser derrotada com mobilizações nas ruas. Segundo, que o povo trabalhador não confia nesses políticos nem nas instituições que têm repetidamente garantido privilégios aos poderosos e impunidade aos que atacaram a democracia em 8 de janeiro.
A política de negociar com os mesmos setores que articulam esses ataques – como fazem Lula, o PT e seus aliados – não só se mostra ineficaz como também desmobiliza e desarma a energia de luta que transbordou no dia 21.
O caminho da vitória está nas ruas
Quando o povo se organiza e se mobiliza, a extrema direita recua e o poder econômico treme. A unidade que precisamos não é a da Frente Ampla do governo Lula/Alckmin, com os inimigos de classe, e sim a unidade com da classe trabalhadora, da juventude, das mulheres, da população negra, população LGBTQIA+, as populações tradicionais e povos originários, que estão travando uma luta no meio da floresta contra as mineradoras, garimpo ilegal, e agronegócio que destroem o meio ambiente e todos dos setores oprimidos que foram protagonistas nas manifestações. Essa força social mostrou-se muito mais eficaz do que qualquer articulação parlamentar.
Por isso, o desafio agora é dar continuidade nessa disposição popular. Não basta um grande dia de luta: é preciso manter assembleias, comitês e espaços de organização que garantam que a mobilização siga viva até derrotar de vez a PEC da Blindagem e a Anistia, no caminho de uma Greve Geral Nacional. As Centrais Sindicais devem romper a aliança governista que as mantém reféns da política oficialista e se colocar a disposição da mobilização, respeitando a evidente vontade das bases. Só assim poderemos avançar na defesa das liberdades democráticas e abrir caminho para conquistar direitos para o povo trabalhador.
É necessário pôr fim à escala 6x1, ao Arcabouço Fiscal e ao pagamento da dívida pública. Ser contra a reforma administrativa que ataca os serviços e servidores públicos, exigir a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, revogação do Novo Ensino Médio (NEM) e barrar as privatizações. Impulsionar um chamado global contra os negócios da Cop 30 e contra a devastação climática do capitalismo. É urgente que o governo Lula rompa as relações com Estado sionista de Israel, genocida do povo palestino.
O dia 21 de setembro ficará marcado como a prova de que a força das ruas pode impor derrotas à extrema direita e mostrar que outro futuro é possível. Cabe a esquerda socialista fortalecer esse caminho, sem conciliações, confiando na potência da mobilização popular.
A única alternativa diante ao Lulismo e Bolsonarismo será a unidade da esquerda!
Mas para que essa energia não se perca, é necessário dar um passo a mais: construir uma alternativa política capaz de expressar o sentimento popular que transbordou nas ruas.
A esquerda socialista é a única que tem um programa real e concreto para isso, mas infelizmente ainda se encontra dispersa. Precisamos caminhar para um objetivo comum e trabalhar pela unidade dessa esquerda, pelo reagrupamento de revolucionárias e revolucionários, para enfim despontar enquanto uma alternativa política independente, de esquerda e socialista, pavimentando o caminho para disputar um governo com democracia operária, dos trabalhadores e do povo empobrecido.
[1] Nunca tão pertinente a frase “tudo que é sólido desmancha no ar” citada no Manifesto Comunista.









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