Do PL da Devastação à COP 30 – Lula e seu governo de contradições

Por João Pedro Ambrosi – militante ecossocialista da Revolução Socialista e da Liga Internacional Socialista.

O governo Lula 3 tem sido marcado pela grande contradição dos debates ambientais e a tentativa de aplicar uma falsa política desenvolvimentista de soberania nacional, passando por cima do meio ambiente e seus ecossistemas por um objetivo econômico mantendo o país dependente das exportações de matéria prima. Por um lado, o governo Petista faz propaganda falando em cuidado com o meio ambiente, apresentando uma linha de sustentabilidade através de uma construção no capitalismo verde, exemplo é a participação de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente, por outro lado, ao mesmo tempo, a política na prática é de passar o trator gerando uma enorme devastação ambiental. São as contradições fruto de uma política propagandista que perpetua a necessidade de demasiar a exploração ambiental no Brasil.

Na linha da propaganda está o grande interesse em sediar a COP 30, um mega evento com um mega orçamento público, para no final as grandes potencias globais fazerem promessas mentirosas, enganarem o povo e saírem destruindo o mundo com seus interesses privados. Lula tenta atrair investimentos estrangeiros, principalmente da China, usando a Amazonia como palco dessa farsa global que é a COP 30, não atoa escolheu Belém do Pará como a cidade sede. Uma cidade que vive um abandono político com índices de miséria e uma desigualdade social abismal, que agora recebe bilhões em investimento usados apenas para colocar um evento fajuto com um debate político vazio, em prática. Assim funcionam os governos do PT, para resolver os problemas da classe trabalhadora nunca há correlação de forças, mas para investir bilhões em eventos fraudulentos sempre há correlação, mantendo os interesses da burguesia nacional e internacional preservados por um governo que se diz do povo.

Na prática a política se faz na contramão da propaganda, temos o interesse privado governando e passando leis atras de leis para garantir seu crescimento infinito, às custas da qualidade de vida da classe trabalhadora que está sofrendo com os impactos ambientais causados. Vimos a aprovação do PL da Devastação, interesse em legalizar a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, desmatamento crescendo para garantir o lucro desenfreado do agronegócio, uso do BNDES para obras como rodovias e principalmente ferrovias privadas que irão cortar grandes espaços de preservação ambiental, entre outras políticas públicas fomentadoras de desastres ambientais. Já estamos em um momento que o interesse do capital privado atropelou qualquer possibilidade de controle por conta do impacto ambiental causado.

A grande aposta do governo Lula é atrair investimentos estrangeiro, principalmente de empresas chinesas que estão entrando no Brasil para explorar mão de obra barata e aumentar o sua mais valia. As obras de infraestrutura não são para benefício da população brasileira, pelo contrário, estão a serviço de melhorar as operações logísticas das empresas estrangeiras potencializando seus lucros cada vez mais. Assim o governo petista mantém o Brasil em subserviência à burguesia internacional em acordo total com a burguesia nacional. Pondo em funcionamento pleno uma linha de conciliação que entrega nossos recursos naturais em troca de produtos manufaturados estrangeiros produzidos com exploração de mão de obra barata em nosso próprio território.

Para nós não há menor possibilidade de solução através dos governos burgueses, eles são os gestores do capital e sempre vão priorizar os lucros acima da vida e do planeta. Nesse sentido, todas as instituições do estado burguês, atuam contra a classe trabalhadora e operaram em favor dos interesses do grande capital. Já está provado que não basta ter um congresso mais progressista, um judiciário mais combativo, seja lá qual for a instituição apontada. A classe trabalhadora é quem paga a conta por tanta devastação ambiental, vemos desastres como o de Mariana e Brumadinho, as enchentes no Rio Grande do Sul, as secas se espalhando pelo Norte do país, as cidades alagadas com qualquer pancada de chuva, tudo isso começa a se tornar uma rotina dentro do capitalismo. Não há como frear ou diminuir níveis de contaminação provocados pela produção no capitalismo, por isso, os capitalistas precisam passar por cima do meio ambiente. Faz parte do metabolismo do sistema. A superação do capitalismo é a necessidade real para a classe trabalhadora, somente assim é que temos condições de debater uma gestão ambiental com uma produção baseada na necessidade real das pessoas.

O Ecossocialismo é o nosso objetivo estratégico, é a política que usamos para fazer os debates de uma perspectiva que, partindo das demandas da classe trabalhadora, demonstra que é possível viver um sistema de produção onde a decisão sobre o que, como, onde e quando produzir seja uma decisão das maiorias através de um método democrático de verdade.

Sem um horizonte revolucionário nosso destino será a barbárie capitalista, é o Ecossocialismo contra essa barbárie causada pela burguesia regente do sistema capitalista.