Defender a soberania do povo brasileiro contra a ingerência dos EUA!
- contatorevolucaoso
- há 17 horas
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Por Direção Nacional da Revolução Socialista / PSOL
A carta publicada no último dia 9 pelo presidente dos EUA, Donald Trump, é inaceitável! Trata-se de uma afronta à nossa soberania. O Brasil, como Estado soberano, e, principalmente, o povo brasileiro, têm o direito à autodeterminação — devendo decidir suas leis, economia, relações exteriores e demais políticas sem interferência externa.
Como já havíamos afirmado na LIS, “Trump chutou a mesa da configuração imperialista global, com as suas instituições, alianças, acordos comerciais e complexos equilíbrios de poder. Com o objetivo de voltar a fortalecer o papel hegemônico dos EUA, em declínio, causou um terremoto que está derrubando o que restava da velha ordem mundial do pós-guerra e os pilares da globalização neoliberal da década de 1990.” [1]. Até o momento, o Brasil foi o principal prejudicado com uma taxação absurda de 50%, a partir de 1 de agosto.
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O bolsonarismo é o culpado!
A própria carta de Trump revela o caráter entreguista da extrema direita bolsonarista: “A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!” Ele ainda acrescenta: “Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
Os EUA, maior financiador de golpes, ditaduras e exploração global na história, não têm legitimidade para criticar outros países. É o mesmo governo que persegue ativistas pró-Palestina enquanto apoia o genocídio cometido por Israel; o mesmo que impõe políticas racistas contra imigrantes, além de muitas outras atrocidades e ataques aos direitos democráticos.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) - Deputado Federal, atualmente foragido nos EUA - comemorou as tarifas impostas ao Brasil e, em carta publicada em suas redes sociais, disse: “Nos últimos meses, mantivemos diálogo com autoridades do governo Trump — sempre com o objetivo de apresentar, com precisão e documentos, a realidade do Brasil hoje”. O golpista ainda ameaça: “Restam três semanas para evitar um desastre. É hora dos responsáveis acabarem com essa aventura autoritária”. Em vídeos posteriores, Eduardo mostrou seu capachismo ao trumpismo.
Desde sua fuga em 27 de fevereiro, o lacaio de Trump, Eduardo Bolsonaro, continua com seu mandato ativo como “licenciado por interesse particular”, com limite de duração de 120 dias. Desde então, há inúmeras denúncias de que tem conspirado ativamente contra o Brasil em conluio com figuras do governo Trump. É urgente que a Câmara dos Deputados vote pela cassação de seu mandato e inelegibilidade!
Seu irmão e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no auge do servilismo mais febril afirmou em vídeo: “nós não estamos em condição de exigir nada do governo Trump. Ele vai fazer o que quiser independente da nossa vontade”. Bolsonaro, pai, em nota publicada no dia 10, afirma: “Deixo claro meu respeito e admiração pelo Governo dos Estados Unidos”. Ambos mostraram o verdadeiro objetivo mesquinho da família: ou aceitam a anistia dos golpistas, ou é ingerência dos EUA.
Prisão para os golpistas e capachos do imperialismo!
Esse episódio também escancara as alianças do Centrão burguês com o bolsonarismo, subserviente aos EUA. Tarcísio (Republicanos), possível candidato do Centrão em 2026 e governador de São Paulo, que usa o boné símbolo da campanha de Trump com a frase “Make America Great Again” (Torne a América Grande Novamente) declarou: “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás de Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema.”
Sem hesitar, exigimor: Bolsonaro e todos os golpistas de 8 de janeiro de 2023 devem apodrecer na cadeia! Na posse de Lula, em 1º de janeiro, o povo brasileiro gritou claramente: “Sem anistia!”. Esse clamor permanece e deve ser atendido. O julgamento e a prisão de Bolsonaro também simbolizam a justiça pelo genocídio impetrado em seu governo, responsável por 693.853 mortes na pandemia de COVID-19. Não esqueceremos!
Defender nossa soberania e autodeterminação!
Ao mesmo tempo, é importante denunciar: os partidos do Centrão burguês, que nunca estiveram com o povo e que incentivam a candidatura de Tarcísio para 2026, não somente integram o governo Lula,como ocupam ministérios! A Frente Ampla, costurada nas eleições presidenciais em nome da “governabilidade”, só tem fortalecido a extrema direita.
Não há autodeterminação possível governando para os ricos - os mesmos que, agora prejudicados pela taxação de 50% dos EUA, pressionam Lula a se submeter. A burguesia brasileira mais uma vez, mostra como é sócia menor do imperialismo, desde que garanta sua parte do lucro pela exploração do povo.
Por isso, não podemos ter a ilusão de que um comitê de empresários possa ser uma medida resolutiva! É fundamental que o governo Lula, que já declarou buscar o apoio da burguesia para bater de frente com a taxação imposta por Trump, adote medidas concretas. O decreto de Reciprocidade é uma resposta, mas insuficiente. Para defender a soberania, o governo deve começar por:
Interromper o pagamento da dívida pública, o “bolsa banqueiro”;
Controle estatal de preços para a inflação não impactar no bolso da classe trabalhadora;
Fim da escala 6x1, reduzir a jornada de trabalho sem redução salarial, com plano de empregos públicos com direitos;
Sem anistia aos golpistas aliados com Trump e ao imperialismo estadunidense.
O caminho é pela mobilização da classe trabalhadora e dos setores oprimidos também pelo fim do arcabouço fiscal; pela taxação da riqueza dos super-ricos e nenhum imposto a mais para o povo empobrecido; pela revogação das contrarreformas; contra as privatizações, pela reestatização sobre controle democrático da classe trabalhadora. Nossa soberania só será de fato fortalecida com o fim destas políticas de submissão.
O Brasil também deve romper qualquer tipo de relação com “Israel” e encabeçar um bloco internacional pelo boicote contra este Estado genocida, pela defesa do povo palestino, libanês e iraniano.
[1] Alejandro Bodart. Nova ordem ou desordem mundial? Revista Revolução Permanente, n. 8. Jun. 2025. Para adquirir nossa revista impressa, entre em contato conosco.
Em defesa da soberania brasileira sem baixar a cabeça ao imperialismo americano. #SemAnistia