Por Sílvia Letícia, professora e Vereadora pelo PSOL – Belém, PA. Membro da Direção Nacional da Revolução Socialista-LIS
Se aproximam as eleições municipais e precisamos fazer um debate urgente entre todas e todos que construímos organizações políticas de esquerda socialista. Enquanto muitos decidem fazer frentes com a direita, nós defendemos a necessidade de construir uma frente com a esquerda que não abandona a tarefa de lutar por um governo das trabalhadoras, dos trabalhadores e do povo pobre no Brasil. Chamamos a construir uma Frente de Esquerda do PSOL, PSTU, PCB, UP e organizações da esquerda socialista.
Nas últimas eleições presidenciais foi construída uma Frente Amplíssima encabeçada pelo PT e Lula, em unidade com uma grande quantidade de partidos e políticos da direita tradicional, e incluindo setores da extrema direita, até ontem aliada do Bolsonaro. Infelizmente, a direção majoritária do PSOL decidiu que o nosso partido devia fazer parte dessa frente.
A derrota eleitoral de Bolsonaro foi necessária para tirar do governo um projeto de extrema direita que ameaçava acabar com conquistas democráticas, políticas e sociais que levaram anos de luta para arrancarmos. Mas, após a beira da barbárie vivida no governo Bolsonaro, o governo da Frente Amplíssima, o governo Lula-Alckmin, embora tenha respondido à algumas das demandas que o povo pobre e trabalhador reivindicava, não melhorou substancialmente a qualidade de vida das massas. Somando a isso, o ano que começa, imerso numa profunda crise sistêmica mundial, não parece muito auspicioso para o povo. O próprio Michel Temer parabenizou a gestão de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, e não é por acaso, o ministro fez o dever de casa para a burguesia aplicando um ajuste fiscal (o Teto de Gastos 2.0) que limita o investimento em políticas sociais e abre caminho aos banqueiros, grandes empresários e o agronegócio.
É por isso que o PSOL deve romper com essa Frente Amplíssima, construindo a independência para se colocar como alternativa política de esquerda ao povo. Criticar, exigir e denunciar sempre que for preciso para avançar na luta para conquistar mais direitos e defender os já arrancados, sem depositar falsas expectativas num governo que mais cedo ou mais tarde, vai decepcionar às maiorias trabalhadoras e pobres.
Nós, da Revolução Socialista, tendência interna do PSOL, junto com outras e outros camaradas, demos uma forte batalha para que o partido apresentasse candidatura própria. Naquele momento, a esquerda do PSOL fez uma campanha pela pré-candidatura do companheiro Glauber Braga, que teve como eixo a defesa da independência política do partido, partindo da premissa que qualquer frente com os partidos ou políticos do poder econômico não faria mais do que ir contra o objetivo fundacional do PSOL de construir um partido das e dos explorados, das e dos oprimidos. Perdemos essa batalha interna e o partido iniciou assim um caminho de seguidismo e apoio ao governo Lula-Alckmin, profundamente equivocado.
Assim chegamos a 2024 com alguns setores defendendo a construção de frentes com a direita – é o caso de Edmilson em Belém, mendigando pelo apoio do MDB dos Barbalhos ou Guilherme Boulos em São Paulo, com Marta Suplicy de vice e setores da direita como apoio – e a esquerda socialista muito dispersa. Por isso é urgente e necessário um chamado a construir uma Frente de Esquerda Socialista entre PSOL, PSTU, PCB, UP e organizações da esquerda socialista, para apresentar uma verdadeira alternativa independente nestas eleições municipais. A Revolução Socialista, como tendência interna do PSOL, se compromete a dar essa batalha política junto com todas e todos os militantes que, como nós, não se dão por vencidos e continuam sonhando com um partido de luta, independente e socialista.
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