1º Congresso da Revolução Socialista – LIS: Derrotar a extrema direita e deter as políticas impopulares do governo Lula
- Comunicação RS
- 7 de jul.
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Ao final de junho ocorreu o 1º Congresso da Revolução Socialista, tendência interna do PSOL e seção brasileira da Liga Internacional Socialista, a LIS. Foram dias intensos de debate e elaboração coletiva entre as delegações de militantes vindas de diferentes estados do país. Além de ser uma imensa alegria para a militância que, apenas dois anos atrás, havia se reunido para dar o extraordinário passo da unificação, o Congresso se consolidou como um importante alicerce para a construção do partido e traz grandes desafios no caminho da revolução com horizonte socialista e internacionalista.
Por Verónica O’Kelly – da Direção Nacional da Revolução Socialista e da Coordenação da LIS
Contra a ascensão da extrema direita, é preciso um antídoto socialista e revolucionário
O debate sobre a conjuntura mundial ocupou parte central dos debates, onde contamos com a importante presencia do companheiro Sergio Garcia, da direção nacional do MST (Movimento Socialista dos Trabalhadores), na FITU de Argentina e da coordenação da LIS. A crise capitalista se aprofunda, gerando guerras, destruição ambiental, miséria e fome. Com a nova chegada de Trump no governo dos EUA, chutando o tabuleiro da “ordem” imperialista mundial, o mundo é uma verdadeira “desordem”. Surgem mais disputas interimperialistas, nós não tomamos partido por nenhum desses campos imperialistas, defendemos uma posição independente.
A Ucrânia, hoje atacada por Putin, vive as consequências desse caos mundial. Defendemos a derrota do imperialismo russo pelo povo ucraniano em defesa de sua autodeterminação, independente e crítica ao governo Zelensky e contra qualquer intervenção da OTAN e os EUA.
O avanço da extrema direita, que governa países como EUA, Itália e Argentina e ameaça chegar ao poder em muitos outros — inclusive no Brasil — representa um grande perigo. Enquanto a burguesia aposta em saídas cada vez mais reacionárias para garantir seus lucros, as massas se levantam em greves, mobilizações e revoltas. Mas as seguidas traições das direções reformistas somada à ausência de direções revolucionárias coerentes impedem a vitória dessas lutas e fortalece o surgimento da extrema direita como falsa alternativa.
O futuro ainda está em disputa. Para derrotar a extrema direita e abrir caminho para a transformação socialista, é fundamental construir alternativas anticapitalistas e socialistas, com um programa revolucionário, um partido e uma Internacional socialista e revolucionária.
Reafirmamos nosso compromisso com a causa palestina e com todos os povos do Oriente Médio
Trump e Netanyahu estão executando o projeto de “solução final”: o holocausto do povo palestino. Gaza está cercada, a fome e o bloqueio à ajuda humanitária são usados como armas de guerra. Bombas e drones matam centenas de palestinos diariamente. Crianças tornaram-se alvos preferenciais do sionismo assassino. Filas de pessoas que buscam comida ou água nos chamados postos “humanitários” também são alvejadas e se transformam em verdadeiras armadilhas mortais.
O projeto colonial e imperialista de Israel vai além da Palestina, com ataques contínuos ao Líbano, ameaças ao Irã e invasão ilegal da Síria, representando um perigo para todos os povos da região. Não há solução real sem derrotar esse Estado de apartheid e opressão. Por isso, além de reafirmarmos nosso compromisso com a mobilização internacionalista em solidariedade ao povo palestino, lutamos por um levante dos povos do Oriente Médio. É necessária uma nova Primavera Árabe, que derrote os planos do sionismo, do imperialismo e também dos governos árabes que traem o povo palestino em acordos e negócios com a invasão sionista.
A única “solução final” possível para o povo palestino — e para todos os povos do Islã — é uma Palestina única, democrática, laica e socialista, como parte de uma Federação de Repúblicas Socialistas do Oriente Médio.
Construir a revolução em escala mundial. Estamos firmes com a Liga Internacional Socialista!
O 1º Congresso definiu como prioridade a principal tarefa das revolucionárias e dos revolucionários em todo o mundo: construir uma Internacional Socialista e Revolucionária para evitar o futuro de barbárie que o capitalismo está nos jogando.
Contra os céticos, reformistas ou possibilistas que abandonaram a luta anticapitalista para se somar a políticas frentepopulistas ou de conciliação de classes — hoje expressas nas chamadas “Frentes Amplas” — e também contra os sectários que, presos à lógica da autoconstrução e a visões estreitas, se limitam a testemunhar a realidade sem oferecer alternativas políticas reais às massas, a LIS propõe um projeto de reagrupamento internacionalista e revolucionário.
Essa experiência busca superar erros e vícios do passado, entendendo que organizações oriundas de diversas tradições e experiências do campo revolucionário podem se unir para romper com o oportunismo, o centrismo e o sectarismo, adotando um método centralista democrático saudável, que respeite as diferenças e permita debates fraternos.
Nós da Revolução Socialista reafirmamos nosso compromisso de construir e fortalecer esse projeto no Brasil e no mundo.
No país, diante a polarização, falta alternativa política de esquerda e independente
O debate sobre o Brasil abordou a situação atual, marcada por uma forte polarização política e social. De um lado, a extrema direita e o bolsonarismo disputam as massas, vencem eleições, aplicam políticas impopulares em governos estaduais, municipais e no parlamento legislam contra o povo, apresentando-se como alternativa real de governo para 2026. Do outro, o governo Lula-Alckmin co-governa com a direita tradicional — inclusive com figuras bolsonaristas em ministérios — e não cumpriu as promessas de campanha que falavam em melhorar a vida do povo. Ao contrário, aplica ajuste fiscal, arrocho salarial para o funcionalismo público, mantém benefícios ao agronegócio e a indústria extrativista e poluidora, e impõe um “teto de gastos” aos serviços públicos e a assistência social.
Infelizmente, diante dessa polarização, a classe trabalhadora e os setores populares não estão representados. Apesar de protagonizarem lutas, levantes e processos de enfrentamento às políticas de austeridade neoliberal, não surgiram ainda ferramentas políticas com capacidade real de disputar o poder. Derrotar a extrema direita é uma tarefa de primeira ordem, pois ela representa um grande perigo para o povo trabalhador. Alertamos que a decepção com o governo Lula abre espaço para o crescimento da extrema direita e para que ela volte ao poder.
Sabemos que a única forma de evitar isso é construir uma alternativa política de esquerda e independente, para derrotar nas urnas e nas ruas, com greves, manifestações e enfrentamento capaz de romper os compromissos com os ricos e atender às demandas dos de baixo — aqueles que ficam cada vez mais pobres. Esse é o desafio que assumimos e para o qual nos colocamos à disposição de construir.
Para onde vai o PSOL?
Como parte do debate sobre a conjuntura nacional, abordamos a situação do PSOL, onde hoje construímos como tendência interna. Somos militantes fundadores do partido, vindos do processo em que “os radicais” foram expulsos do PT, e sabemos bem da importância dessa ferramenta — seguimos lutando pelo programa socialista que nos unificou. Mas o PSOL mudou: hoje está controlado por setores reformistas aliados ao governo Lula, que abandonaram a independência de classe e estão dispostos a reeditar a experiência frustrada do PT. Esse não é o nosso projeto. Por isso, junto com outras tendências internas da esquerda do partido, batalhamos contra a direção majoritária que está liquidando o projeto fundacional.
Neste Congresso, a militância da Revolução Socialista reafirma seu compromisso com um programa anticapitalista pela construção de um partido com independência de classe e democracia interna. Mantemos nosso chamado ao MES, Fortalecer, APS, LSR, Rebelião Ecossocialista, Centelhas, Insurgência RD, Alicerce e demais correntes de esquerda para unirmos forças e construirmos iniciativas em comum.
Não fazemos fetiche de nenhuma forma organizativa e estamos dispostos a mudar se a realidade e a luta de classes assim exigirem. Por isso, não vamos nos calar e continuaremos sendo uma tendência que critica e denuncia a direção liquidacionista. Ao mesmo tempo, seguimos apostando no reagrupamento de revolucionárias e revolucionários que, dentro ou fora do PSOL, estejam dispostos a construir um partido anticapitalista, revolucionário e internacionalista.
A Revolução Socialista: nossas causas e nossa militância
O 1º Congresso fortalece o partido para o próximo período, que compreendemos ser de muitas lutas e maiores confrontos. Parte de nossas tarefas é fortalecer os trabalhos que construímos e onde nos organizamos como nas categorias metroviária, química, funcionalismo público e principalmente educação e juventude. Reafirmamos nossas causas:
• Ecossocialismo;
• Feminismo socialista antipatriarcal, anticolonial, antirracista e classista;
• Antifascismo e antirracismo;
• Antissionismo e anti-imperialismo;
• Anticapitalismo e socialismo;
• Internacionalismo militante e revolucionário;
• Construção de um partido revolucionário.
Por essas causas nos organizamos e militamos. Convidamos todas e todos que queiram se somar a este projeto, entre em contato e construa conosco!
Fotos: Douglas Diniz Fernandes









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Uma coisa que eu ando pensando muito é que, em busca de revitalizar o meio ambiente, nós estamos revivendo métodos de subsistência dos nossos ancestrais, como as agroflorestas e construções sustentáveis.
Talvez, mobilizar os tralhadores para nesse sentido e suprimir mão de obra de insumos para a indústria seja uma opção de combate á burguesia.
Ótimo texto, Verô. Beijos.