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RN: Fátima trai mais uma vez com novo aumento da passagem nos ônibus

Por Carlos Lopes



Pela segunda vez em menos de um ano, o governo Fátima Bezerra (PT) aumentou as passagens de ônibus do transporte intermunicipal e metropolitano de Natal. É uma afronta aos estudantes e trabalhadores que todos os dias precisam enfrentar veículos sucateados e com pouca qualidade. Além disso, numa região que costumeiramente ultrapassa os 30º, não existe qualquer ônibus que circule com ar-condicionado; agora, é pagar mais para sofrer o mesmo de sempre.


Escandaloso, também, é a forma como o governo decidiu fazer o reajuste: sem discussão e em pleno sábado (10) de Carnaval, quando as atenções de todos os potiguares estavam voltadas para a folia. Houve um período de apenas cinco dias entre a aprovação da proposta e o reajuste sentido no bolso dos usuários usuários, mas a imprensa só se deu conta do aumento na quarta (14), um dia antes do aumento começar a valer. Várias pessoas que dependem do transporte público foram pegas de surpresa!


Segundo o Departamento de Estradas e Rodagens do Rio Grande do Norte (DER), o aumento fez parte de um acordo firmado em janeiro de 2023 entre o órgão e entidades que representam o setor privado. Já o Governo, em nota, informou que, mesmo com um novo aumento em menos de um ano e mais lucro para as empresas, manteve as isenções fiscais ao setor.


A situação é triste, mas não surpreende. Fátima foi reeleita para o governo em 2022 numa frente ampla com partidos “progressistas” e de direita. Escanteou até mesmo o PCdoB, aliado histórico do partido, que ocupava a cadeira da vice-governadoria, para ampliar o leque de alianças e incluir o reacionário MDB, na figura do então deputado Walter Alves, como vice-governador. A coligação contou com a Federação Brasil da Esperança (PT/PC do B/PV), além de PDT, MDB, Pros e Republicanos. Ou seja, um programa difuso, que tenta conciliar os interesses da nossa classe à medida que sustenta e empodera os atores da direita clássica do Rio Grande do Norte Mas na política não é possível sustentar interesses antagônicos a todo momento; uma hora a corda estica e, na hora do “vamo ver”, resta apenas acatar e passar o aumento das tarifas, favorecendo a classe empresarial, do que beneficiar a verdadeira base que elegeu Fátima em 2022.


Em novembro do ano passado, quem também aumentou as passagens foi a prefeitura de Álvaro Dias (Republicanos), desta vez no transporte municipal de Natal. Da mesma forma que nos ônibus intermunicipais e metropolitanos, pagamos para passar calor e aperto. Dias, um figurão da direita que foi o coordenador da campanha de Bolsonaro no Rio Grande do Norte em 2022, rapidamente teve que enfrentar atos do movimento estudantil contra a medida. Em todas as notas e posicionamentos, havia a crítica correta e a responsabilização direta ao seu nome.


Ainda assim (e apesar do justo ódio que boa parte dos natalenses sentem contra o prefeito), os atos não surtiram o efeito de gerar grandes mobilizações, apesar do protagonismo que Natal já tivera na pauta do transporte público — a capital potiguar foi o berço das manifestações que deram origem à Revolta do Busão, nacionalizada em 2013.


Com Fátima, o movimento estudantil se tornou manso. Do dia 15 de fevereiro até aqui, só um ato, com poucas pessoas, em frente à Governadoria, que aconteceu nesta terça-feira (27). Com uma consigna em defesa do passe livre e da revogação imediata do aumento das passagens, as entidades conseguiram uma audiência com o secretário adjunto do Gabinete Civil, ficando como encaminhamento uma reunião para debater mais aprofundadamente o tema. Um outro ato foi marcado para 13 de março, quase um mês após o início do reajuste.


Nas falas durante o ato, pouco se viu a radicalidade que era apresentada como Dias. Um pequeno avanço foi a própria convocação da manifestação na Governadoria, centro do poder do Executivo potiguar, sob chamado principalmente das entidades dirigidas pela Kizomba (DS/PT) e UJS (PCdoB), mesmo reivindicando o “diálogo” com o governo. Além destes dois grupos, se identificou apenas nós, da Revolução Socialista, UJC (PCB-RR) e Fora da Ordem (Avante/PT). Juntos (MES/PSOL), UJR (PCR) e Faísca (MRT), dentre outras juventudes e/ou partidos que defendem uma postura de independência e/ou oposição ao governo estadual, não compareceram. Por quê?


Da nossa parte, acreditamos, sim, que a forma de fazer enfrentamento a um governo burguês progressista como o de Fátima é diferente de se enfrentar uma gestão “puro sangue” da direita. Mas a governadora, ao permitir um novo aumento sem diálogo, deixa claro que possui um lado nesta discussão. Nos debates prévios, a Revolução Socialista defendeu que a linha defendida pela majoritária de “diálogo” ad eternum com o governo para tentar contornar o reajuste é insuficiente. O esfriamento da mobilização contra o reajuste, e a marcação de um novo protesto somente para 13 de março, vai mostrando isso.

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