Por Verónica O’Kelly (AS-PSOL) e Nancy Galvão (LS-PSOL)– LIS, Brasil.
O sábado passado 30/07, o PSOL-SP teve sua Conferência Eleitoral e reafirmou o rumo que nacionalmente vem tomando a atual direção majoritária do partido: desistir de construir e fortalecer uma alternativa política de esquerda com independência de classe para se somar ao trem da conciliação de classe e à frente amplíssima da campanha Lula-Alckmin em nível nacional, e pelo acordo Haddad-França no estado de São Paulo.
Caminhando para atrás
Com uma votação de 25 votos a favor do apoio a Haddad para governador e 17 favoráveis à candidatura própria, se reafirma a lamentável política da atual direção majoritária, conformada pelas correntes Primavera Socialista e Revolução Solidária, que contam com o inestimável apoio do Campo Semente (Insurgência, Subverta e Resistência) que está levando nosso partido para um beco sem saída. O PSOL surgiu como ferramenta política daqueles que desde a esquerda radical se negaram a desistir de um projeto independente, classista, anticapitalista, socialista. Denunciar e combater as mazelas do sistema capitalista e jamais se ajoelhar às exigências do capital e à velha política. A fundação do PSOL foi uma demonstração de superação política para milhares de trabalhadores e trabalhadoras que sentiram a traição de Lula e da direção do PT que de tanto conciliar com os partidos burgueses e governar para os ricos tornou-se mais um partido da ordem.
Milhares de lutadoras e lutadores, no país inteiro, foram se somando ao PSOL na procura de uma ferramenta política de mobilização e fortalecimento das suas lutas e com um sólido regime democrático. Mas hoje o partido está sendo capturado pela velha política de conciliação de classes de uma direção burocrática que esvazia as instâncias e vira as costas para a base militante. O pragmatismo (e oportunismo) eleitoral tem se transformado o central nos lineamentos e orientações, deixando de lado a disputa política, a prioridade nos processos da luta de classes, provocando um triste recuo programático, flertando com a velha política e submetendo o partido ao calendário eleitoral. Segue a passos largos a liquidação do PSOL das origens.
Haddad e Márcio França: um acordo com os ricos, não com as e os trabalhadores e o povo pobre das periferias.
O estado de São Paulo é governado pelo tucanato há 25 anos, com Geraldo Alckmin como governador em 12 deles. O atual aliado do PT, e vice de Lula, é responsável pelas políticas neoliberais e antipopulares no estado, junto com o feroz desmonte estatal em favor das privatizações, terceirizações e “Parcerias Público-Privadas”. Sem dúvidas, acabar com o tucanato é urgente e necessário, mas não é em aliança com setores da direita que o derrotaremos. Fernando Haddad e o PT, costuraram um acordo nacional e no estado de São Paulo, com velhos tucanos e seus aliados com o único objetivo de chegar ao governo. A capitulação e adaptação do PT ao projeto neoliberal, não é novidade, foi a marca dos 12 anos de governo federal e em vários estados e municípios. A novidade é o rumo nesse mesmo sentido que a direção majoritária do PSOL está tomando. Hoje, por responsabilidade desta direção, o PSOL não terá candidatura própria para governador e apoia, sem uma vírgula de crítica, a Haddad e França.
O PSOL não só não vai ter candidatura própria para governador ou governadora, senão que também abriu mão da possibilidade de ter uma candidatura para o senado capaz de vocalizar um programa que responda às demandas das e dos trabalhadores e do povo pobre. A Conferência Eleitoral aprovou apoio à candidatura de Márcio França ao senado, numa acirrada votação de 22 votos favoráveis contra 21 por candidatura própria do partido.
Não é cegueira dos dirigentes do PSOL-SP é oportunismo eleitoral esquecer quem é Márcio França. Recentemente, o ex governador disse “não é correto filmar o policial o tempo todo”, declarando uma clara simpatia pela impunidade ao abuso de poder e letalidade das forças de segurança que reprimem e matam nas periferias do estado principalmente trabalhadores e a juventude e negra. Não surpreende, já que é o ideólogo da “Guarda Civil Militar” (GCM) política de militarização das juventudes. França atacou o funcionalismo público durante seu governo. Foi vice do tucano Alckmin com quem promoveu um profundo desmonte nos serviços públicos como saúde, educação e assistência social, favorecendo as privatizações. No meio da pandemia, momento de grande desespero e sofrimento dos setores populares, França defendeu um auxílio emergencial em troca de trabalho presencial, quebrando a necessária política de isolamento e distanciamento social para evitar o aumento de contágio e óbitos da covid19, além de aprofundar a exploração e precarização no trabalho. Só para lembrar algumas medidas e política do psbista que hoje será apoiado pela direção majoritária do PSOL.
Por isso reafirmamos, Márcio França é o candidato dos ricos e poderosos, não da classe trabalhadora e do povo pobre, apoiar sua candidatura para senador é desconhecer e abandonar nossas lutas. O acordo Haddad–França, é um compromisso com os ricos que detém o poder econômico do estado e contra as necessidades básicas da juventude, das mulheres, negros e negras, das periferias e da classe trabalhadora como um todo. A direção majoritária do PSOL-SP em troca de apoio nas próximas eleições escolheu seu lado, mas a militância psolista seguirá na trincheira da classe trabalhadora.
Lutar por direitos e vida digna, no caminho da luta anticapitalista e socialista
O Comitê de Enlace: Luta Socialista e Alternativa Socialista, declara ser absolutamente contra as resoluções da Conferência Eleitoral do PSOL-SP e chama à combativa militância psolista a defender o programa fundacional do partido, junto com o projeto estratégico da independência de classe, o socialismo e reafirmar o PSOL como oposição de esquerda a todos os governos de conciliação de classes que retiram direitos. É necessário construir uma ferramenta política da classe trabalhadora, revolucionária, socialista e internacionalista para de verdade transformar tudo!
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