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Conflitos se acirram no Oeste do Paraná – O Agronegócio tenta desocupar indígenas à força.

Autora: Welita Barbosa

Professora, Presidenta do diretório municipal do PSOL Foz do Iguaçu

Militante da Revolução Socialista e da Liga Internacional Socialista.

 


O evento

 

No dia  08 de agosto, na Universidade Federal da Integração Latina-Americana (UNILA), localizada na cidade de Foz do Iguaçu , oeste do estado do Paraná, foi

apresentado e realizado debate sobre os dados de 2023 do relatório de violência contra os povos indígenas.

 

O evento contou com a presença e apresentação de Osmarina de Oliveira (Conselho Indigenista Missionário); das lideranças indígenas do tekoha Ocoy Leandra Lopes e Adriano Chamorro, Vilma Vera Rios do tekoha Guasu Guavirá e do professor Pablo Friggeri (UNILA), com coordenação do professor Clovis Brighenti (UNILA).

 

Relatos daqueles que sofrem a violência

 

A indígena Vilma do tekoha Guasu Guavirá, localizado entre os municípios de Guaira e Terra Roxa, falou da importância da luta  travada no oeste do Paraná, reconhecendo que as terras retomadas são território ancestral e  direito dos povos Guarani. Reafirmou que depois de muitos anos e de muitos parentes serem assassinados aprenderam a lutar e defender seus territórios.

 

Vilma também relatou sobre que durante a noite não conseguem dormir, pois geralmente são atacados pelos pistoleiros durante a madrugada e teme que a ocupação seja incendiada. Mas a indígena afirma que os guaranis estão na luta sem temor, e dispostos a dar a vida nessa luta se preciso for.

 

O indígena do tekoha Ocoy Adriano Chamorro, resaltou sobre a comemoração de 50 anos da Hidrelétrica Itaipu, relembrou de todo o território que já pertenceu ao povo Guarani e  foi expropriado e alagado pela Usina. O indígena Guarani também relatou o histórico de luta e violência sofrida ao longo de décadas cometida pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e Itaipu.

 

Adriano também relatou que, após quatro décadas os Guarani não foram indenizados, reparados, nem ao menos tiveram seus direitos reconhecidos, também denunciou que os povos indígenas estão abandonados, enquanto a Itaipu só visa lucros gerados nas terras ancestrais da grande nação Guarani.

 

O índigena afirma que essa luta é pelo direito de existir e continuar vivendo, citou os ataques aos direitos dos povos indígenas entre eles o PL do Marco Temporal e a PEC da morte e cobra posicionamento do governo federal em defesa dos povos originários.

 

Verdadeiro significado da palavra Itaipu

 

Após longo debate sobre a violência praticadas contra os povos originários, Dario um jovem indigena do tekoha Ocoy , pediu fala e argumentou que: Usina nem deveria ter o nome de Itaipu, pois é uma afronta para os indígenas, explicou que Itaipu é uma palavra guarani,  que siginifica som da pedra em portugues, com denominação religiosa, só o pajé pode escutar, quando escutado representa que está na hora de imigrar.

 

O jovem reafirma que durante a construção da usina, essa imigração forçada e violenta, justamente por esse motivo, condena o nome dado a Usina.

 

Análise da violência

 

A violência praticada contra os povos indígenas é a perpetuação histórica da violência colonial. Os indígenas continuam sendo assassinados, os bens naturais como água, terra e minérios saqueados.

 

Essa política de perpetuação da nossa base colonial é institucionalizada com a anuência dos governos estadual e federal e com aprovação de leis e projetos que visam criminalizar e destituir territórios, como as PLs de criminalização dos movimentos sociais que lutam por moradia e terra para trabalhar e o Marco Temporal projeto inconstitucional que impede da demarcação dos Territórios Indígenas.

 

Professor geógrafo Ariovaldo Umbelino de Oliveira afirma em seus trabalhos que o acesso ao território é “fruto da luta de classes e, ao mesmo tempo, como um imperativo da justiça social”.

 

A violência e expropriação de terra praticada pelos latifundiários contra os povos originários em todo país, após apossar das terras geram acúmulo de riqueza  com o amparo do Estado a custo do sangue dos povos. E o agronegócio avançando a passos largos para poder garantir todo o lucro possível, uma burguesia que enriquece às custas da grilagem de terras benevolência do Estado.

 


 

1 comentário

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Guest
Aug 30
Rated 5 out of 5 stars.

Excelente texto!

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