Por Raquel Loof, militante da Juventude da Revolução Socialista, regional Paraná
No dia 29 de agosto de 1996, ocorreu o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, data que foi instituída como um marco para trazer visibilidade e reparação à comunidade lésbica. Este grupo, frequentemente invisibilizado e violentado dentro do sistema patriarcal e capitalista, enfrenta a negação e a marginalização por não se enquadrar nas normas heteronormativas e de gênero impostas pela sociedade. O patriarcado, junto ao capitalismo, busca controlar e oprimir corpos dissidentes, resultando em violência e morte de mulheres que se recusam a se submeter às suas imposições.
Neste dia, é essencial relembrar e homenagear as mulheres lésbicas que foram violentadas e assassinadas enquanto lutavam pelo direito de expressar sua sexualidade. Lésbicas são constantemente alvo de estupros corretivos e outras formas de violência por não performarem a feminilidade esperada ou, paradoxalmente, por serem consideradas femininas demais para serem lésbicas. Essas violências ocorrem como uma tentativa de controlar corpos que desafiam as normas sociais e econômicas, sustentando o sistema capitalista através da opressão e da manutenção de trabalhos invisíveis, realizados majoritariamente por mulheres.
Além disso, todas as violências cometidas contra pessoas que se identificam como mulheres, incluindo pessoas com útero e mulheres trans, fazem parte de uma estratégia de manutenção do capitalismo, que busca criminalizar corpos dissidentes e patologizar aqueles que não se conformam às suas normas. Ao falarmos sobre a visibilidade lésbica, é fundamental reconhecer que essas lutas precisam ser interseccionais, conectadas com movimentos antiproibicionistas, antirracistas, antimanicomiais, anticapacitistas e feministas, incluindo corpos trans e não binários. Nenhuma luta deve ser travada de forma isolada, pois o sistema que oprime as mulheres lésbicas também oprime todos os corpos que desafiam suas regras.
A autora Bell Hooks, em seu livro teoria feminista, enfatiza a importância de um feminismo que reconheça e incorpore as experiências de mulheres lésbicas dentro do movimento, defendendo um feminismo interseccional que leve em conta as diversas formas de opressão. Segundo Hooks, a homofobia, tanto dentro quanto fora do movimento feminista, prejudica a luta pela igualdade e enfraquece a solidariedade entre as mulheres.
Portanto, é necessário fortalecer a luta por um movimento feminista e LGBTQIAPN+ hoje, que reconheça a importância da interseccionalidade, um conceito que ajuda a entender como diferentes aspectos da nossa identidade se combinam para influenciar nossas experiências de vida. Somente assim, mesmo após uma revolução socialista, será possível criar um ambiente verdadeiramente inclusivo e solidário, que acolha todas as pessoas oprimidas pelo sistema capitalista e patriarcal que transforma as lutas em lucro e mercadoria.
Viva o direito de ser quem você é!
Excelente!