Plínio de Arruda Sampaio, Presente!
Por Bruno Meirinho
Nascido em 1930, Plínio de Arruda Sampaio começou a sua militância política na juventude católica, em 1954, num ambiente mobilizado pela encíclica Rerum Novarum, do Papa João XIII, que funda e estrutura a doutrina social da igreja. Com essa perspectiva, vinculou-se inicialmente ao Partido Democrata Cristão.
Eleito Deputado Federal em 1962, Plínio de Arruda Sampaio teve importante papel na defesa da reforma agrária, sendo um dos formuladores da política de reformas de base do presidente João Goulart (PTB).
Em 10 de abril de 1964, no décimo dia do golpe, foi sumariamente cassado por meio do "Ato nº 1 do Comando Supremo da Revolução", que suspendeu direitos de 102 pessoas, entre elas João Goulart e Plínio de Arruda Sampaio. Segundo sua interpretação, a ameaça às elites rurais contida nas reformas de base foi motivo determinante para a reação autoritária do regime.
No exílio, viveu no Chile e dedicou-se ao trabalho junto à FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, onde defendeu a soberania alimentar e o direito à terra para os trabalhadores que nela vivem e trabalham. De volta ao Brasil, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980.
Em 2005, depois de 25 anos de militância no partido e de ter sido candidato a Presidente do PT, mobilizou uma grande ala de militantes para virem para o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). No novo partido, liderou atividades voltadas para o futuro da militância socialista. Candidatou-se a Governador de São Paulo em 2006 e foi o candidato à Presidência da República em 2010.
Fiel ao futuro socialista, quando perguntado sobre onde o socialismo tinha tido êxito, desafiava o interlocutor perguntando sobre onde o capitalismo já teria dado certo. Sua campanha representou o PSOL com forte compromisso programático, e a palavra de ordem "Pela Igualdade".
Na mesma perspectiva dos socialistas, Plínio defendia o trabalho prioritário com a juventude, parcela da população que sente de forma mais aguda a crise completa do capitalismo. Em sua última participação no debate televisivo, como candidato a Presidente, fez um importante chamado aos jovens, conclamando-os a pensar grande, lutar contra o muro que separa a classe trabalhadora de seus direitos e não sucumbir às teses de que outro mundo é impossível.
Com 80 anos, foi o candidato mais idoso daquela eleição de 2010. Sereno e lúcido em todos os embates, e muito conectado aos movimentos dinâmicos da juventude, transmitiu uma mensagem política mais arejada e atualizada do que a velha política dos concorrentes.
Quatro anos depois de sua campanha presidencial, faleceu em razão de problemas de saúde, no dia 8 de julho de 2014.
Permaneceu ativo até seus últimos dias, com firmeza no propósito de suas palavras: é preciso coragem!
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